segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Sono que Chega Triste.

Mais uma vez a porta bateu no umbral como um pedaço imprestável de madeira ou metal. Eu me escondi sob os cobertores porque sabia que podia acabar sobrando pro meu lado. Ouvi bem quando ele buzinou quatro vezes insensível lá fora. Eu não me levantaria de lá por nada. Fazia frio lá fora, mas sentia pena, ou algum tipo de asco por ele. Enfim minha irmã foi abrir o portão pra ele.
Penso eu que o mundo dele deve ser um tanto melhor que o de todos os outros. Ele consome álcool quase todos os dias da semana, mas o pior de tudo vem quando a semana acaba e é tempo de "curtir". As vezes é insuportável a presença dele porque ele emana, exala bebidas de todos os tipos. E seu caráter se mostra tão decadente. Ele não consegue assumir ainda que é quase um alcoólatra, isso se já não o for.
Depois que ele entrou no quarto e praticamente despencou na cama, logo veio o sono, pesado, perturbado, agitado. Estava bêbado eu sabia, assim como sei que não posso fazer nada por ele porque ele vê tudo de forma diferente. Ele não é um beberrão em seu próprio ponto de vista. Nunca foi e nunca será.
Meu irmão. A quem eu deveria amar incondicionalmente... só consigo ter pena dele. E isso é o mais triste.
Quando chegou a manhã, mais uma vez ele não foi trabalhar. Isso já aconteceu várias vezes. Ele acha que mesmo assim tudo vai ficar bem. A verdade o incomoda. Ele prefere viver seu mundo psicodélico, onde todas as luzes brilham mágicamente e o mundo gira de forma engraçada e o faz rir.
Eu queria poder fazê-lo rir, fazer seu mundo girar, sem ter que ver ele se destruindo, se ruindo dessa forma triste.
Me escondi por medo de ver ele assim mais uma vez. Não é fácil.


Meu Irmão, Te Amo. Deus o proteja.